domingo, 28 de junho de 2015

Na praia da Vieira, onde o céu é mais azul...

 Até breve Praia da Vieira, havemos de voltar, mas agora é tempo de regressar a casa.
 Mas antes, eu poderia lá passar e não entrar para ver estas belezas?  Eu já as conheço, mas não resisto... São as Vieirenses (estará  certa a palavra?) e as Nazarenas, nos seus trajes antigos, aqui bonequinhas de recordação.

sábado, 27 de junho de 2015

Ainda na Praia da Vieira

 Frente ao mar,um ótimo local para um refresco, ou mesmo uma refeição completa.
         Aqui a animação começa mais tarde,lá para o fim do dia
Fico sempre a olhar para esta casinha, ano após ano - uma casinha de férias em terra de praia, neste caso, na Praia da Vieira. Como não posso chamar-lhe minha, posso tê-la em fotografia. 
De ilusões também se vive...

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Na Praia de Vieira de Leiria


De vez em quando, até mesmo no inverno, vamos até á Praia da Vieira. Agora já é verão, embora pouco quente, porém muito agradável para passear. Mas só hoje reparei neste simples mas valoroso monumento, que perpetúa uma enorme tragédia. Tantas vidas, algumas na flor da idade, destruídas por este mar tão bonito, e simultâneamente também tão cruel. Foi à muito tempo, mas os heróis não devem ser esquecidos, mas sim recordados e venerados eternamente. E assim é, nesta terra de pescadores.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Nostalgia


O sol estava a despontar e depressa a sua claridade alaranjada se projectou naquele banco adornado de azulejos. Era cêdo, a rua estava deserta, e o sol tomou a palavra...
- Estás velho amigo banco, tu e os outros cinco que te fazem companhia...
-Não, não estou; - eu sou mesmo velho, e os meus azulejos de que me orgulho tanto, ainda são mais idosos do que eu. Mas eu ainda estou forte, eles coitados é que estão fragilizados, também graças a ti e aos outros elementos, ditos naturais.
- A mim ? Eu, o sol, que tudo faço germinar ?!
- Fazes germinar quando não queimas com o teu calor impiedoso! Vocês são os culpados!
- Vocês? Então, além de mim, quem mais?
-O vento, a chuva, a geada o granizo - em anos e anos de agressões, provocam danos bem visíveis.

És capaz de ter razão, eu  sou distraído, e ando até um tanto esquecido...

-Pois eu tenho boa memória, e agora vivo de recordações, e são muitas - algumas alegres, e outras de muita mágoa.
- A sério ? Eu tenho tempo posso ouvir-te, queres desabafar?
- Quero sim, então ouve:
-Tenho saudades do tempo em que este edifício onde me encosto, era o Hospital de Nossa Senhora de Campos. Aqui vinham os doentes tratar da saúde, era um espaço prá vida, embora para alguns, ela aqui tivesse o seu fim. Ainda cá nasceram bébés... paravam aqui casais cheios de alegria, com o seu pequenino, e colocavam a alcofa em mim, enquanto esperavam o táxi que os levava para casa ; como eu gostava desses momentos...

-Agora é um Lar da Terceira Idade - nome pompôso - para um Internato de pessoas velhas. E não faltam as vozes piedosas, ainda novas, pois claro, com a afirmação de que não há velhos, porque velhos são os trapos! As pessoas não!
- Lérias! Velho é velho, e não há retorno para voltar a ser novo...

E este jardim?! Estava sempre cheio de flores... Até tinha um lago com peixinhos vermelhos, que eram o encanto da pequenada.
Esta zona era o local de passeio Domingueiro, e até de semana também, para os poucos que podiam vir até  aqui espairecer... As árvores fronteiras davam frescura e aroma. Agora, já lá não estão...
- Esta é a minha maior mágoa - não terem dó de cortar aquelas "vidas"... aquilo não eram árvores, aquilo eram monumentos! Enormes, saudáveis, e antigas... Não havia ninguém em duas gerações, que não tivesse comido as bagas doces que elas produziam. Hoje são só saudade.

-O sol que ouvia em silêncio, murmurou - mas porque fizeram isso? Foi um sacrificio em nome do progresso? Se assim foi...
-Mas qual progresso, malvadez humana lhe chamo eu, e  no meu entender de pedra dura, foi um crime! - Mataram-nas! - eu não lhes perdôo, mataram as minhas vizinhas queridas!

-O sol começou a esmorecer... Entendo o teu desânimo, mas não sei que te diga. Conta-me algo mais alegre, se é que consegues lembrar-te.

-Lembro sim: foi há muito tempo, anos sessenta. Na época em que os casamentos eram para toda a vida, e começavam pelo namoro, que  não era nada como é hoje.
-Assim num dia de primavera, um par de namorados em passeio veio sentar-se aqui. Percebi que namoravam à pouco tempo, estavam  na fase do encantamento. Ele aproveitando o facto de não passar ninguém, nem nenhum automóvel  naquele momento, sorridente pegou-lhe na mão, e numa pressa disse:- somos namorados, vou dar-te um beijo, e deu.  Ela nem tempo teve para dizer algo, corou até ás orelhas com aquele beijo rápido, que era afinal o primeiro do género, em sua vida. A seguir, ainda sorridente, ele senhor de si, falou:- então, eu dei, tu não deste, estou à espera...ela confusa acedeu e deu-lhe um beijo, muito apressado e completamente desajeitado, e corou ainda mais...
-Precisas de praticar, foi um beijo sem perfeição - mas não faz mal - disse-lhe ele ao ouvido, enquanto com as suas mãos segurava a mão dela com firmeza, e sorria.
Olharam o relógio, e daí a pouco, deixaram-me.

O sol animou-se e disse  - gostei da recordação desta ternura. E eles voltaram mais vezes?

-Só de tempos a tempos, mas beijinho não vi mais. Na rua, não era conveniente. Ele queria casar com ela, (e casou) e certamente não gostaria de dar azo a más interpretações. O povo daquela época era cruel, costumava dizer "mulher beijada, é mulher desgraçada"- preconceitos, a tocar o Medieval...
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-Mas sabes que eles me adotaram desde logo ?  Passaram a chamar-me "o nosso banco" e agora depois de tantos anos, ainda gostam de olhar para mim. Vê lá caro sol, que até me fotografaram...

-És um sortudo, e ainda te lamentas! Fico contente por ti, acredita, exclamou o sol.
Mas agora tenho de partir, e digo-te adeus, mas voltarei para me contares outra das tuas recordações.
Até breve...