Quando eu era jovem, fui pela primeira vez passear á Cidade das Caldas da Rainha. Foi num Domingo de Agosto, namorava com o meu marido à pouco tempo, e foi ele que sugeriu o passeio. Ele trabalhava em Lisboa, mas o patrão destacou-o para esta Cidade durante os tres meses de verão. A ideia agradou-me, e cedinho, numa manhã dum nevoeiro muito denso, lá fui eu acompanhada pela minha mãe e pela mãe dele, no combóio pela linha do oeste até á Cidade das Termas, e das Louças bonitas. Eu vivia a idade em que tudo é côr de rosa, e nada foi negativo. Gostei muito do parque que era enorme, povoado de estátuas arbustos e flores. Da mata (onde lanchámos) cheia de frescura do arvoredo e com uma fonte rústica no cimo. "Adorei" o Museu, que tem o nome de José Malhôa (grande pintor natural desta cidade) cheio de arte nos inumeros quadros a óleo, alguns enormes, magnificos, cuja beleza me cativou e eu contemplei sem pressa. Também as montras das lojas de louça me atrairam, se eu pudesse trazia tudo... mas para além dos preços que não eram convidativos, era Domingo, e por isso estava todo o comércio encerrado.
Regressámos ao fim da tarde, de novo no combóio, e eu revia na memória todas as coisas bonitas que tinha visto e que já ficávam para trás.
Não trouxe nada, com pena minha; mas um dia mais tarde ao abrir um embrulho de papel forte, fui surpreendida com um presente, eram estas peças. Que alegria!
Há uns tempos ouvi dizer, e senti mágoa, que a Fábrica que produzia estas maravilhas ia fechar. Falava-se em diligências para impedir que se concretizasse tal maldade... não sei qual foi o desfecho.