segunda-feira, 19 de julho de 2010

Laivos de coincidência...

Há uns largos meses atrás, o Dr. Alberto João Jardim Presidente da Madeira, aparecia na T.V.sempre muito insistente com exigências ao “nosso” governo,mas duma forma que tocava as raias do quero posso e mando. Tinha estudado o verbo querer,e ficou adepto do eu quero!
E então surgiam na sua voz aquelas expressões “inflamadas”onde imperava sem reserva o eu quero,mas quero mesmo,senão.......
Sempre que o ouvia nestes termos,lembrava-me duma poesia,que guardo à muito tempo e me parecia alusiva...
Hoje decidi colocá-la no blogue,não é da minha autoria,e tem a data de 1927.

Uma perrice!

Um menino
mui rabino,
um mimalho,
um insensato
tolo e falho
de bom tacto,
quis um dia
(que mania!)
que a mamã lhe desse a lua!
E chorava,
E berrava
que se ouvia em toda a rua!

Que tontice!
que perrice
que é a tua!
- diz- lhe a mãe -
Pois não vês,meu querido bem,
que eu não posso ir buscá-la,
arrancá-la
lá do céu?!

- Lá do céu?! - volve o rapaz -
julgas tu então,mamã,
que o teu filho se compraz
com qualquer desculpa vã?!
Não prossigas!
Antes digas
que não és já minha amiga!
Quero a lua,e hei-de tê-la!
Ralha,báte-me e castiga
que isso tudo é bagatela
cá p’ra mim!...
Foste no pôço escondê-la
para que eu não a apanhásse?
Pois vais ver que nem assim
És capaz de me vencer!

Isto dito,
o dementado
- coitadito! -
põe-se a andar,põe-se a correr
e,afadigado,
desce ao pôço - que loucura! -
onde encontra,não a lua,
causa da perrice sua,
mas a morte e a sepultura!

( A.Serra e Moura)